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Casamento mediante reconhecimento como cidadão polaco

De acordo com o art. 30 seção 1 ponto 2a da Lei actualmente aplicável de 2 de Abril de 2009 sobre a cidadania polaca, um cidadão polaco é um estrangeiro que reside continuamente no território da República da Polónia durante pelo menos 2 anos com base numa autorização de residência permanente, autorização de residência permanente da União Europeia ou residência permanente, que seja casado com um cidadão polaco há pelo menos 3 anos.

Portanto, surge a questão de que o cônjuge do estrangeiro deve ter a cidadania polaca sempre a partir do momento do casamento, ou apenas no momento do casamento, ou talvez seja suficiente para ele ter a cidadania polaca no momento do reconhecimento?

Uma interpretação proposital sugere afastar-se de uma compreensão puramente linguística desta disposição, que exigiria que o cônjuge estrangeiro tivesse a cidadania polaca apenas no dia do casamento. Levaria ao resultado absurdo de que um estrangeiro pudesse ser reconhecido como cidadão polaco se casasse com um cidadão polaco, mas após o casamento o seu cônjuge perdesse a cidadania polaca e já não a teria no momento do reconhecimento. A ratio legis da disposição em questão visa facilitar a aquisição da cidadania polaca pelos cônjuges de cidadãos polacos cujo casamento tenha durado pelo menos três anos, independentemente de quando o cônjuge do estrangeiro detém a cidadania polaca.

Um regulamento semelhante estava em vigor ao abrigo da Lei de 15 de fevereiro de 1962 sobre a cidadania polaca. De acordo com o art. 10 desta Lei, um estrangeiro casado há pelo menos 3 anos com uma pessoa com cidadania polaca, que resida no território da República da Polónia com base numa autorização de estabelecimento, numa autorização de residência de residente de longa duração do Comunidades Europeias ou que tenha direito de residência permanente, pode adquirir a cidadania polaca, se no prazo de 3 anos e 6 meses a contar da data de contrair casamento com uma pessoa com cidadania polaca ou 6 meses a contar da data de obtenção de uma autorização de residência por parte do estrangeiro obter uma autorização de residência para um residente de longa duração das Comunidades Europeias ou adquirir o direito de residência permanente apresentará uma declaração adequada à autoridade competente e esta autoridade emitirá uma decisão aceitando a declaração.

Interpretação do art. 10 da Lei de 1962 foi objeto de apreciação do Supremo Tribunal Administrativo. Este tribunal, em sua sentença de 13 de junho de 2007 (II OSK 1098/06), afirmou

A disposição do art. 10 seção 1 da Lei de 15 de fevereiro de 1962 sobre a cidadania polonesa (Diário Oficial de 2000, nº 28, item 353, conforme alterada) também se aplica se, no momento da celebração do casamento, o cônjuge do estrangeiro não tivesse cidadania polonesa, e ele os adquiriu depois de se casar.

Na justificativa do acórdão em questão, lemos que o entendimento desses dispositivos apresentado pela Corte está respaldado principalmente pelo fato de que no art. 10 seção 1a da Lei da Cidadania Polaca, foram introduzidos dois prazos independentes para a apresentação de uma declaração de vontade de adquirir a cidadania polaca por um estrangeiro. O primeiro prazo é contado a partir da data em que o estrangeiro obtém a autorização de residência e o segundo prazo é contado a partir da data do casamento. Se se presumisse que a forma como o segundo termo foi definido implica que a condição para adquirir a cidadania polaca é que a pessoa com quem o estrangeiro se casa tenha a cidadania polaca no momento da celebração do casamento, então seria impossível aceitar situação que diferencia as condições de aquisição da cidadania polaca nesta modalidade em função de qual dos prazos de apresentação da declaração de vontade é invocado pelo estrangeiro. Não há dúvida de que, no caso de apresentação de declaração de vontade com referência ao prazo contado a partir da data da obtenção da autorização de residência pelo estrangeiro, não se pode de forma alguma presumir que a condição para a aquisição da cidadania não seja apenas a estrangeiro permanece casado há pelo menos 3 anos com pessoa com cidadania polaca, mas também que esta pessoa já tinha cidadania polaca no dia da celebração do casamento com este estrangeiro.

De referir ainda que a Convenção sobre a Cidadania das Mulheres Casadas, aberta à assinatura em Nova Iorque em 20 de Fevereiro de 1957, à qual a Polónia aderiu em 1959 (Diário Oficial de 1959, n.º 56, itens 334 e 335), não faz depender a aplicação do procedimento simplificado de aquisição da cidadania de o cônjuge do estrangeiro possuir, à data da celebração do casamento, cidadania matrimonial do país ao qual o estrangeiro se candidata. O objetivo da introdução do “procedimento especial simplificado de naturalização” pelos estados vinculados pela Convenção era permitir que as mulheres adquirissem a cidadania do marido de forma relativamente rápida e simplificada em comparação com a forma de aquisição da cidadania fora deste procedimento.

O tribunal afirmou que as considerações acima mencionadas levam à conclusão de que a disposição do art. 10 seção O artigo 1.º da Lei da Cidadania Polaca também se aplica se, no momento do casamento, o cônjuge do estrangeiro não tinha cidadania polaca e adquiriu a cidadania polaca após o casamento.

Devido à semelhança das disposições da Lei de 1962 com as disposições da Lei de 2009, deve-se presumir que o acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 13 de junho de 2007 ainda é válido.